sexta-feira, 18 de julho de 2003

Bar Cultural Nasce em Braga em Setembro

2003-07-18
[Nuno Passos]
Público

Bar cultural 
nasce 
em setembro

A partir de 13 de Setembro, Braga vai ter um novo espaço cultural, na forma de um bar, para contrariar "a quase ausência de iniciativas culturais que há na terceira cidade do país e no Minho". O "Fábrica d'Eventos" situa-se na freguesia urbana de Maximinos, numa antiga oficina de polimentos das traseiras da Rua do Caires, e visa ser um pólo aglutinador de música de todos os géneros, teatro, exposições de arte (pintura, fotografia, escultura, literatura, artesanato e instrumentos) e "performances" infanto-juvenis, desde animação circense a concursos inter-escolas.

"Será essencialmente uma casa de espectáculos num ponto diferente de Portugal e que, a médio prazo, pode-se tornar referência", salientou ao PÚBLICO o músico e produtor bracarense Pedro Alves, um dos três sócios fundadores.

Na capital minhota, os únicos espaços musicais que existem "são apenas" o "Deslize", em risco de fechar as portas (ver caixa), e o "Insólito", sobretudo para estudantes. Com uma área de 150 metros quadrados e capacidade para 250 pessoas, o espaço entrou este mês em obras de remodelação para a criação de várias divisões, insonorização, decorações e um piso superior, que se vai situar por cima do palco e terá camarins, WC, armazém e escritórios.

A vizinhança não é problema, porque não existem habitações por cima ou atrás do bar, que funcionará entre as 9h00 e as 2h00. A sua localização é privilegiada, já que fica a um quilómetro do nó da auto-estrada e da central de camionagem e vai ter acesso pedonal a partir do futuro edifício da estação de comboios, a 500 metros de distância. Além disso, a partir das 19h00, com o fecho das várias oficinas de Maximinos, a zona "fica talvez com o maior parque de estacionamento não pago da cidade".

Um dia por semana - sexta ou sábado - será dedicado à música moderna. Cada noite vai ter, no máximo, três bandas, sendo pelo menos uma da região - no dia de estreia, os bracarenses Sindrome abrem para um colectivo luso "de estatuto internacional". Todos os intérpretes têm direito a "cachet", que depende do número de entradas. A ideia é trazer bandas do Centro e do Sul para criar intercâmbio e um circuito de bares. O sócio fundador Manuel Teixeira, da editora Recital, deve também garantir as actuações de Alexandre Frazão, T.G.B., Quinta do Bill, Oratory e Prime.

As quartas e quintas-feiras são para jazz e fado. Os domingos, a partir das 16h00, incluem matinés infantis, com contadores de histórias, palhaços ou malabaristas. Para as crianças e adolescentes, há ainda a possibilidade de concursos inter-escolas de pintura, fotografia e canção, além da publicação dos cinco melhores trabalhos em cada categoria, em livro ou CD. Nos restantes dias, o "Fábrica d'Eventos" vai ter representações teatrais e "placards" de fotografia, pintura e/ou escultura, da autoria de artistas amadores "que não encontram locais para mostrar o seu talento". Previsto está também o lançamento de livros, álbuns e outros artigos culturais.

 

--- CX ---

Governador civil garante que Deslize não fecha por ultimato,

O governador civil de Braga, José Araújo, só vai tomar uma decisão em relação ao processo de encerramento do bar Deslize, situado junto à Sé Catedral, quando "entender que há reincidência, incumprimento e displicência do proprietário em relação a níveis elevados de ruído" que prejudiquem os moradores da zona. O despacho enviado pelo secretário do Governo Civil a José Araújo há um mês, respeitante a queixas de dois familiares e vizinhos do carismático bar, não vai ser resolvido "debaixo de ultimato ou da pressão de alguém", esclareceu ao PÚBLICO o governador civil, respondendo assim ao presidente da Junta de Freguesia da Sé, José Alberto Silva, que esta semana ameaçou levar o caso à Assembleia da República caso José Araújo se mantenha "em defesa" daquele bar de 18 anos. "Estou na Junta há 13 anos e só posso estar do lado dos moradores; estou tão desesperado e sinto-me tão desrespeitado quanto eles. Já não acredito nas promessas do José Pinto [proprietário do bar] e a insonorização não vai resolver coisa nenhuma - só há uma solução: o fecho", atacou José Alberto Silva, que, às 19h00, dá uma conferência de imprensa a mostrar a sua indignação. Para Pedro Alves, sócio do futuro "Fábrica d'Eventos", "é ridículo" pensar em fechar-se o "Deslize": "É mal para os noctívagos e para quem trabalha à noite. Cada vez há menos casas carismáticas destas", afirmou ao PÚBLICO, numa opinião partilhada por pelo menos outros mil bracarenses que terão subscrito um abaixo-assinado em do bar, documento que será entregue nos próximos dias na autarquia e no Governo Civil.

Sem comentários:

Enviar um comentário