A MOLIN faliu? É que os alunos eram obrigados a ter estojos KERN [suíça] !
Ora um dia um dos «meus» garotos veio dizer-me que estava muito «chateado» -- a palavra é dele -- já que a sua professora de desenho lhe marcava sempre falta porque ele não tinha estojo de desenho, nem dinheiro para o comprar. O remédio foi fácil, fui a casa, procurei o estojo e entreguei-lho. Mesmo assim, não serviu, porque em retorno me trouxe um papel escrito pela professora -- por ele é que não foi -- dizendo «Para as aulas de desenho, todos os alunos têm que trazer um estojo marca Kern». E o dele era Molin, não servia.
Todo me abespinhei, é evidente, protestei e voltei a protestar, mas não consegui nada. Há falta de outro recurso, contei o caso aqui neste jornal, já então o mais lido do país, e esperei que as autoridades, tomando conhecimento, actuassem. Nada! Como um charco! E eu, tenho que o dizer, fiquei ainda com menos consideração pelas instituições do meu país.
A que vem isto agora? Ao meu desesperado desespero ao ver nos jornais o anúncio da venda em hasta pública da Molin, tudo incluído, edifícios, terrenos, máquinas e intangíveis, por quatro milhões de euros. Faliu. Porquê? Porque com certeza não vendia a quantidade necessária. E porque não vendia? Porque os alunos portugueses eram obrigados a comprar Kern, suíço. Melhor não sei se seria, mas mais barato não era com certeza. E porquê? Kern? Isso é que eu gostava de saber, e creio que não deveria ser só eu que deveria gostar de saber. Porque a qualidade Molin não servia para o Aristides, um principiante e que principiante? Alguém será capaz de o dizer? A tal professora?
Enfim, tudo isto é muito triste muito triste, e ninguém será capaz de calcular a tristeza que tudo isto deu ao Português que sou, e que em tudo gostaria de me orgulhar de ser. Com que tristeza o escrevo!
Almeida e Sousa escreve no JN, quinzenalmente, às segundas-feirasHá 25 anos, tinha alguma responsabilidade na indústria do norte e todo me consolava com os progressos que sentia em muitas unidades fabris, algumas dos ramos tradicionais, outras mais atípicas. Umas das que seguia com orgulho, e desde o princípio, era a Molin, fábrica de material de desenho, única no país, e cujo progresso era de todos os dias. É evidente que em todas as entidades que de mim dependiam, só se comprava a Molin. Eu próprio, embora já o não usasse profissionalmente, tinha um estojo Molin.
QUANDO FICARES SEM EMPREGO..
ResponderEliminarTALVEZ PENSES NISTO
[ou, talvez, nem nessa situação.
salazar ensinou o português a não pensar! certo?]
Impressionante! Ainda me lembro dos meus marcadores Molin e a qualidade que tinham... E agora isto... Como é que é possível??!??!
ResponderEliminarVIARCO.pt
ResponderEliminarVIARCO blog