A casa podia ser só uma cama e um 'home cinema'
"Uma casa maior? Não obrigada, esta é mínima e está sempre desarrumada, então se fosse maior não sei como estaria", confessa Carlos Lima Monteiro, 34 anos, orgulhoso proprietário de um T0 no Príncipe Real, bem no centro de Lisboa.
Jovem gestor, solteiro, "semi-descomprometido", simpático, divertido, "com um bocadinho de aversão a casamentos e afins", Carlos ficou felicíssimo quando encontrou uma casa à sua medida. Isto é, uma casa onde praticamente só cabe uma cama pois esta é no fundo, segundo afirma, a sua utilidade máxima. "A casa podia ser só uma cama e um 'home cinema' pois eu só lá durmo e vejo televisão", diz sem rodeios.
"Mas queriam o quê? Que eu depois de um dia de trabalho, chegasse a casa às onze da noite e me fosse pôr a fazer um cozido à portuguesa só para mim?", questiona de olhos muito abertos. "Quando chego a casa, quero é dormir e quando não estou a dormir a última coisa que quero, é estar metido em casa", confessa, despachado.
Para Carlos, a vida está tão longe de se resumir a uma casa que só saiu do aconchego do lar paterno por imposição. Lá foi ficando, vendo o tempo passar, "cama, roupa lavada, comidinha da mamã, uma maravilha", até que um dia acordou com uma voz que o chamava para a realidade. "Disseram que gostavam muito de mim mas que achavam que eu com trinta anos já estava em boa idade de comprar a minha casinha, aprender a fazer as minhas coisas e pronto, lá me tive que pôr a andar", conta sem grandes enredos. "Ao princípio fiquei um bocado chateado, não me estava a ver a comprar uma casa e a começar a passar os dias metido em lojas de decoração à procura de mobílias, por isso este apartamento foi mesmo um achado."
Um achado que se resume a 40 metros quadrados, quarto e sala conjunta, casa-de-banho, kitchenette e garagem, "tudo o que um homem precisa", sublinha. "Quanto mais coisas, mais trabalho dá. A palavra de ordem hoje em dia é simplificar, caso contrário damos em doidos e doidos já somos todos um pouco", remata com uma gargalhada.
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